IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES

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O Silêncio como linguagem.

A intervenção tem por base um edifício construído no centro de uma aldeia, localizada nas proximidades da cidade de Leiria, cujo interior se encontrava em tosco. Este novo edifício veio substituir a antiga igreja, recentemente demolida, que já não comportava o elevado número de crentes que existe actualmente na aldeia e que aos domingos e em dias festivos se desloca a este espaço de culto.

Partimos da ideia de construir o Silêncio: num mundo cheio de ruído, a igreja representa uma pausa, um momento de paz e de reflexão. A escolha dos materiais no seu estado de verdade absoluta, a depuração das formas convencionais, a forma de moldar a luz natural e artificial e o despojamento do espaço de ornamentação narrativa, procuram, através de normas essenciais da arquitectura, as propriedades universais dos sentidos e do espírito.

A Assembleia desenvolve-se em forma de anfiteatro à volta do Presbitério, lugar onde é transmitida a palavra de Deus e onde está colocado Cristo. A sua presença física está representada numa cruz em latão polido, sobre uma cruz feita de luz, um rasgo recortado na parede, ao centro do Presbitério.

A parede frontal, como um longo retábulo, é composto por um grande painel rendilhado em madeira de ácer: uma composição vertical de finos prumos de madeira e linhas de luz, numa interpretação contemporânea da técnica da talha dourada, usada no retábulo da antiga igreja. A eleição da madeira também utilizada no revestimento do pavimento e nos bancos, confere temperatura ao espaço.

A partir dos recortes do alçado curvo, construímos o tecto e introduzimos iluminação zenital e artificial, ligando cada um desses recortes aos vãos situados sobre o altar. O desenho do tecto expressa uma tensão formal que se assemelha a um ostensório e procura reforçar a imagem de luz divina, ao convergir o nosso olhar para o ponto cardeal onde o sol nasce e se espalha por todo o espaço.

Para as celebrações diárias, foi criada uma pequena capela de forma curva, como uma Ábside, contígua à Assembleia. A inclinação do tecto da Assembleia prolonga-se na capela mas não toca na parede do altar, permitindo que a luz entre e se espalhe, enfatizando o momento solene.

 

Co-autoria: Célia Faria

Colaboração: Marco dos Santos, Liliana Pereira

Engenheiro Estrutural: Manuel Rodrigues Vieira, Mário Rui Gomes Santos

Engenheiro Acústico: João Barrento da Costa

Área de Intervenção: 537m2

Cliente: Comissão da Igreja de Chãs

Datas: 2009 – 2012

Fotografia: FG+SG Fotografia de Arquitectura

Local: Chãs - Leiria

 

FG + SG – Fotografia de Arquitectura | www.ultimasreportagens.com

Europaconcorsi | www.europaconcorsi.com

ArchDaily | www.archdaily.com

Allhitecture | www.allhitecture.com

Il Giornale Dell´Architettura #111, Dezembro 2012

Anteprojectos #222, Dezembro 2012

 

Prémios:

Nomeado para os Prémios Construir 2012, na categoria de Melhor Projecto Público.